sábado, 30 de outubro de 2010
"PAULO SERGIO"
Paulo Sérgio de Macedo, ou Paulo Sérgio, (Alegre, Espírito Santo, 10 de março de 1944 – São Paulo, 29 de julho de 1980) foi um cantor e compositor brasileiro.
Não fosse sua morte prematura, aos trinta e seis anos, em decorrência de um derrame cerebral, Paulo Sérgio certamente seria lembrado como um dos maiores nomes da música romântica nacional. O cantor e compositor capixaba iniciou sua carreira em 1968,
no Rio de Janeiro, lançando um compacto com o sucesso Última Canção. O disco obtevesucesso imediato e vendeu 60 mil cópias
em apenas três semanas, transformando seu intérprete num fenômeno de vendas. A despeito da curta carreira, Paulo Sérgio lançou treze discos e algumas coletâneas, obtendo uma vendagem superior a oito milhões de cópias.
Primeiro filho do alfaiate Carlos Beath de Macedo e de Hilda Paula de Macedo, Paulo Sérgio, se não tivesse manifestado tenramente o intento de tornar-se músico profissional, talvez teria se realizado como alfaiate, haja vista que aos dez anos freqüentava a alfaiataria do pai, aprendendo os primeiros segredos da agulha e da tesoura. Porém, a veia artística já se desenhava cedo. Aos seis anos de
idade, quando em sua cidade natal Alegre-ES, apareceram as caravanas de artistas de emissoras de rádio do Rio de Janeiro, Paulo Sérgio participou, ao fim do espetáculo, de um mini-concurso de calouros. Foi escolhido o melhor dentre vários concorrentes,
passando a ser requisitado como atração especial em todas as festinhas da pequena Alegre.
Ao chegar no Rio de Janeiro, para onde a família se mudara em meados dos anos 50, a trajetória do menino Paulo ganhou uma nova conotação. Estudou no Colégio Pedro II e morava em Brás de Pina, na zona norte carioca, quando terminou o ginásio. Aos 15 anos,
foi trabalhar em uma loja no bairro de Bonsucesso. Coincidência ou não, era uma loja de discos e eletrodomésticos, chamada “Casas Rei da Voz”. Como tocava bem violão, logo os amigos o incentivaram e Paulo Sérgio começou a mostrar suas composições.
Os anos 60 sacudiam a juventude e Paulo Sérgio fez seu batismo no programa Hoje é Dia de Rock, comandado por Jair de Taumaturgo, o mais badalado entre os jovens do Rio. Posteriormente, passaria ainda por muitos outros programas de calouros, como
o Clube do Rock, do saudoso Rossini Pinto, onde muitos outros ídolos que iriam formar o pessoal da Jovem Guarda se apresentaram. Em 1966, no filme Na Onda do Iê-iê-iê, Paulo Sérgio aparece como calouro do Chacrinha, cantando a canção Sentimental demais de Altemar Dutra.
Em 1967, uma nova e grande oportunidade de Paulo Sérgio surgiu, quando um amigo seu foi convidado para realizar testes na gravadora Caravelle, do empresário Renato Gaetani. Paulo, então, prontificou-se a acompanhar o amigo ao violão, que infelizmente não teve sorte. Porém, durante o teste, descobriram que Paulo Sérgio também cantava e, já que estava ali, manifestaram interesse em ouvir algumas de suas composições.
Um contrato foi prontamente assinado e dentro de poucos dias Paulo Sérgio gravou um compacto simples, que continha as músicas Benzinho e Lagartinha. Entretanto, a sua afirmação definitiva deu-se com o lançamento, em 1968, do primeiro disco, denominado
Paulo Sérgio - Volume 01, que, alavancado pelo grande sucesso Última Canção, vendeu mais de 300.000 cópias. Paralelo ao sucesso meteórico de Paulo Sérgio, surgiu a acusação de que o mesmo era um imitador do cantor Roberto Carlos, então ídolo
inconteste da juventude, dada a semelhança do seu timbre vocal. Como contrapartida, naquele mesmo ano Roberto Carlos lançaria o álbum O Inimitável.
Do sucesso inicial advieram propostas para que Paulo Sérgio ingressasse numa grande gravadora. Em 1972, este assinaria um vultoso contrato com a Copacabana, o qual, em razão das cifras envolvidas, foi considerado o maior acontecimento artístico daquele
ano. Pelo selo Beverly, Paulo Sérgio lançaria ao todo oito álbuns.
No dia 4 de março de 1972, Paulo Sérgio contraiu matrimônio com Raquel Teles Eugênio de Macedo, a qual conhecera casual e sugestivamente num pequeno acidente de trânsito. O casamento aconteceu secretamente, numa cerimônia simples, em Castilho, pequena cidade do interior de São Paulo. Em 23 de maio de 1974, nascia Rodrigo, que mais tarde usaria artisticamente o cognome
de Paulo Sérgio Jr. Além de Rodrigo, Paulo Sérgio tivera ainda duas filhas, Paula Mara e Jaqueline Lira, fruto de relacionamentos anteriores.
No dia 27 de julho de 1980, um domingo, Paulo Sérgio fez sua última apresentação na TV. Esta ocorreu no programa do apresentador Édson Cury (o Bolinha), da Rede Bandeirantes de Televisão, onde cantou duas músicas do seu último trabalho
fonográfico: “O Que Mais Você Quer de Mim” e “Coroação”. Logo após apresentar-se no “Programa do Bolinha”, nos arredores do teatro onde aquele programa era veiculado, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio (São Paulo-SP), Paulo Sérgio envolveu-se num incidente que talvez tenha provocado sua morte.
Ele sai do auditório para pegar seu carro, estacionado próximo à Av. Brigadeiro Luis Antônio. Várias fãs o cercam. Querem beijos, autógrafos, carinhos, fotografias. Uma delas, agressivamente, começa a comentar fatos relacionados com à vida íntima do cantor e sua ex-mulher, Raquel Telles.
Para evitar encrencas os amigos tratam de afastar Paulo dela, enquanto a moça garante que ainda tem muito que dizer. Já nervoso, Paulo Sérgio dá a partida em seu carro, mas, quando manobra o veículo, é atingido por uma pedrada no pára brisa. Fora de si, ele desce do automóvel e parte em perseguição à moça. Esta se refugia no interior de um edifício. O zelador não permite que Paulo a siga. Furioso, Paulo avalia os danos causados a seu veículo e aguarda, na calçada, que a garota volte à rua.
Seus acompanhantes procuram acalmá-lo. Ele ainda tem de cumprir três apresentações, antes que o domingo acabe. Finalmente, o convencem a esquecer o incidente e sair dali. Rumam para uma pizzaria em Moema. Paulo tenta fazer um lanche. Mas não
consegue comer direito. Tem muita dor de cabeça e nenhum apetite.
A primeira apresentação é no Grajaú, bem depois de Santo Amaro. Quando termina de cantar, Paulo chama seu secretário, pede que ele encontre uma farmácia e providencie comprimidos para sua dor de cabeça, que está cada vez mais forte. Engole dois de uma
só vez e parte para Itapecerica da Serra. Mas, lá, só consegue cantar quatro músicas. A cabeça lateja, a visão está meio turva. Ele cambaleia até o camarim. Logo depois, os amigos o encontram gemendo baixinho e tendo tremores por todo o corpo. É levado até o carro e transportado para o Hospital Piratininga. De lá, o enviam para o Hospital São Paulo. Paulo está em estado de coma. O diagnóstico é rápido: Um derrame cerebral!
Após as primeiras providências clínicas, é internado na Unidade de Terapia Intensiva. Tem início assim uma terrível batalha pela sua sobrevivência. Amigos e parentes são alertados. Apesar de preocupados, todos estão confiantes. Afinal, ele é um homem forte, sadio... e com apenas 36 anos. Claro que se recuperará!
Os médicos, no entanto, fizeram o que foi possível. De nada adiantou. Na manhã de segunda-feira, 28 de julho, os corredores do hospital estão repletos de pessoas que querem ver e saber alguma notícia sobre o estado de Paulo Sérgio. O otimismo já cede lugar a um certo desespero. Afora os familiares, ninguém tem autorização para entrar na UTI, onde ele se encontra.As reações de Paulo Sérgio não são favoráveis. Dr. Pimenta, chefe da equipe, que incansavelmente tenta reabilitar o cantor, após
exames minuciosos, revela aos familiares de Paulo que suas possibilidades de sobrevivência são mínimas, quase que inexistentes.
Mesmo assim, a luta prossegue. No hospital, a vigília é continua. Mais uma noite e o estado de saúde de Paulo Sérgio, ao invés de melhorar, se agrava. Às 14 horas e trinta minutos de terça-feira, 29 de julho, não há a menor possibilidade de melhora. O cantor Paulo Sérgio está praticamente sem vida, apenas os aparelhos mantêm sua respiração, seu batimento cardíaco. Às vinte horas e trinta minutos, tem fim sua longa e dolorosa agonia. Paulo Sérgio está morto.
Durante a madrugada e a manhã seguinte o corpo do cantor ficou exposto para visitação no velório do Cemitério de Vila Mariana, em São Paulo. Atendendo ao pedido dos pais de Paulo Sérgio, o seu corpo foi sepultado no Rio de Janeiro. Na capital carioca, o velório ocorreu no Cemitério do Caju. Entre os cantores que prestaram suas últimas homenagens, podemos citar Antônio Marcos, Jerry Adriani, Agnaldo Timotéo e Zé Rodrix. Às 16 horas do dia 30 de julho (quarta-feira), o seu corpo baixava à sepultura ao som de seu maior sucesso, “Última Canção”.
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